Nos últimos meses, incêndios de grande magnitude têm devastado vastas áreas do Brasil, da Amazônia ao Sul do país, comprometendo severamente a produção agrícola. Essas chamas, em grande parte atribuídas a ações criminosas, são intensificadas por uma seca histórica que especialistas associam às mudanças climáticas.
Marcos Meloni, agricultor de Barrinha, no interior de São Paulo, relata que o calor intenso derreteu até o plástico do retrovisor do caminhão-pipa usado no combate aos incêndios. Esse cenário dramático reflete a realidade de muitos produtores que enfrentam perdas significativas em suas colheitas. As plantações de cana-de-açúcar, café, laranja e soja, das quais o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais, estão em risco. No estado de São Paulo, cerca de 231.830 hectares de cana foram atingidos pelos incêndios, e a previsão é de uma redução de até 50% na produtividade da safra restante.
Em Minas Gerais, a situação é igualmente crítica. A falta de água está afetando a produção de café arábica, responsável por 70% da oferta nacional. Com o déficit hídrico mais severo dos últimos 40 anos, as expectativas para a colheita de 2025 estão diminuindo, e a produção atual já está comprometida.
A seca também prejudica a produção de laranja e soja. A colheita de laranja para 2024-2025 é a mais baixa em três décadas, e a soja enfrenta uma redução prevista de 4,7% devido à seca e chuvas torrenciais que afetaram o Rio Grande do Sul. O plantio de soja está atrasado, e a continuidade da seca pode agravar ainda mais a situação.
Carlos Nobre, climatologista, ressalta que o setor agroindustrial, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no Brasil, deve adotar medidas drásticas para reduzir as emissões e eliminar o desmatamento. Sem essas ações, o impacto das mudanças climáticas continuará a ameaçar a produção agrícola e a economia nacional.