Os países em desenvolvimento manifestaram ontem (25) sua decepção com o acordo climático alcançado na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão. O compromisso firmado prevê que as nações ricas destinem US$ 300 bilhões (R$ 1,7 trilhão) anuais até 2035 para apoiar os países menos favorecidos no enfrentamento das mudanças climáticas. Contudo, representantes dessas nações tacharam a cifra como insuficiente e “um insulto”.
Evans Njewa, diplomata do Malaui e líder do bloco dos Países Menos Desenvolvidos, lamentou o desfecho: "Depois de anos de discussões, não é ambicioso para nós". Diego Pacheco, negociador-chefe da Bolívia, foi enfático ao dizer que o pagamento da "dívida climática" é um direito do Sul Global, sendo ovacionado pelos presentes na plenária.
O queniano Ali Mohamed, representando o grupo de países africanos, expressou frustração, chamando o acordo de "pequeno demais, tardio demais". Juan Carlos Monterrey, do Panamá, alertou que os valores acordados não serão suficientes para atender às demandas crescentes e enfrentar os impactos do aquecimento global.
Por outro lado, a União Europeia celebrou o pacto como um marco para a cooperação climática. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que o acordo "marca uma nova era no financiamento climático". No entanto, líderes como o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, consideraram o resultado aquém do necessário.
O acordo também projeta o objetivo de mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035, incluindo contribuições privadas e de bancos multilaterais. Contudo, países em desenvolvimento alertam que a inflação e a insuficiência de mecanismos de supervisão podem reduzir o impacto real dos recursos.
Com a próxima COP agendada para 2025, em Belém do Pará, Brasil, a expectativa global é que os debates avancem em busca de soluções mais concretas e inclusivas. “Não é hora de celebração, mas de trabalho árduo”, afirmou Simon Stiell, chefe da ONU para o Clima.